Eu deitava na infância às tuas margens,
Matando minha sede de menino,
E na ponte que corta as tuas águas
Eu me punha, extasiado, a admira-las.
E elas corriam mansas, sonolentas,
E sumiam na curva, lá bem longe...
Mas, agora, se as vejo, em tardes raras,
Sinto afogar-me... és meu mar de saudade.
Quantas vezes banhei-me em tuas águas,
Sentindo-me senhor de grandes forças,
Como a me incorporar aos teus mistérios
Que, felizmente, nunca os decifrei!
Hoje, voltei de longe-longos anos-,
Para sentir-te como antigamente,
Quando eras para mim um Amazonas
E foz do rio do meu coração.
Paulo Fraletti
São Paulo, 20.11.1994